quarta-feira , 11 dezembro 2024
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De Roma a Lavras: a trajetória de Geraldo Alves de Souza

O mineiro Geraldo Alves de Souza: de quase a padre a funcionário publico federal aposentado.

“Pois guardei os caminhos do Senhor”. Os versos bíblicos do profeta Samuel convergem perfeitamente para a trajetória do mineiro Geraldo Alves de Souza. De quase padre a diácono ordenado, o funcionário público federal aposentado de 83 anos de idade, fez história na cidade de Lavras.

Mineiro nascido na zona rural de Claudio, ele cresceu numa família simples de nove irmãos. Os pais, José Antonio de Souza e Teodora Ribeiro de Souza, eram católicos fervorosos. Ele a irmã começaram a estudar por incentivo da mãe.

O menino prodígio, de pés descalços e larga inteligência, logo chamou a atenção da professora pela dedicação e ótimas notas alcançadas. O sucesso na escola foi tamanho que Geraldo Alves de Souza foi escolhido para ser o orador da turma na sua formatura.  O paraninfo era irmão da futura primeira dama Risoleta Neves.

Em família: ao lado da esposa, filhos e netos. 

Sua postura, eloquência e firmeza durante o discurso chamaram a atenção da plateia e de um homem importante e influente na cidade. Com a permissão da família, ele teve seus futuros estudos pagos por ele.

O jovem, que poderia ter escolhido qualquer carreira profissional, surpreendeu a todos com sua decisão. Anunciou que ingressaria no Seminário Arquidiocesano Coração Eucarístico de Jesus, em Belo Horizonte. Queria ser padre.

Na verdade, esse desejo era acalentado desde a infância, quando, levado pelos pais até a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, se maravilhava com a missa rezada em latim nos domingos.

Com seus irmãos e seus pais em foto registrada em Cláudio, sua cidade natal.

O silêncio, as orações, as vestes do sacerdote, o incenso, tudo seduziram o coração da criança. “Minha vocação sacerdotal surgiu logo quando adquiri o uso da razão. Minha vida tem alguns pontos onde os milagres aconteceram”, afirma.

Cidade Eterna  

Nos seis anos que passou na instituição, Geraldo Alves de Souza viu sua reputação crescer cada vez mais perante o clero. Assumiu cargos de chefia, conquistou notoriedade pela sua capacidade intelectual, sendo enviado para estudar no Colégio Pio Brasileiro, em Roma, umas das maiores instituições de ensino da Europa.

O mineiro atravessaria o Atlântico, do Rio de Janeiro a Europa, numa viagem de navio que duraria 11 dias. Ele chegaria à Cidade Eterna em setembro de 1962, poucas semanas antes do início do maior evento do mundo católico no século XX: o Concilio Vaticano II.

Abertura do Concílio Vaticano II, que mudaria os rumos da Igreja Católica em 1962, ano da chegada de Geraldo Alves de Souza em Roma.

Em meio as atividades desenvolvidas rumo ao sacerdócio, ele acompanhou de perto, de forma muita privilegiada, todo esse encontro que mudaria os rumos da Igreja Católica. Aberto em 9 de outubro daquele ano sob o papado de João XXIII, o Concilio Vaticano II seria encerrado somente em dezembro de 1965 sob as bençãos do Papa Paulo VI.

Ele se recorda que, após o termino de sua formação nos cursos de Filosofia e Teologia, poderia ter sido ordenado padre por ninguém menos que o Papa Paulo VI, como muitos de seus companheiros, mas não foi isso que aconteceu. Sob a pressão e o peso de suas atividades, procurou tratamento médico para que o mais tarde descobriria ser uma forte depressão, algo que o acometia desde os tempos do seminário.

Diante disso, ele preferiu ser ordenado como diácono, onde trabalhou por um ano numa paroquia de Pará de Minas em 1967, mas abdicou do cargo junto à Diocese de Divinópolis depois de conflitos com o pároco local. Voltaria a Cláudio, em 1968, onde foi acolhido por sua mãe de braços abertos, que lhe disse: “Eu não pedi a Deus para você ser padre, eu pedi para você ser feliz”.  Ela tirava um peso do seu coração.

Depois de se encontrar novamente consigo mesmo, Geraldo Alves de Souza chegaria a Lavras em 1972 para ser vice-diretor de uma unidade da escola Polivalente, ingressou no INSS via concurso público, virou auditor fiscal, se aposentou e hoje segue sendo um grande colaborador das atividades pastorais da Paróquia de Sant’Ana.

O Papa Paulo VI, responsável por concluir  o Concílio Vaticano II em 1965. 

Casado com Maria Antonieta Vilas Boas de Souza desde 1975, pai de três filhos, Rodrigo (auditor fiscal), Leandro (médico pediatra) e Virginia, ele olha para sua trajetória com o dever cumprido.

“Foi Deus que me mostrou que meu caminho não era aquele. Se não me tornei um sacerdote, eu encontrei no matrimônio a plena realização”, finaliza ele.

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