Para o maître-sommelier Antônio Eduardo, existe um tipo de vinho para cada momento da vida.
Mineiro de Belo Horizonte, ele começou sua carreira aos 19 anos levando caixas do produto numa importadora para ser um dos maiores estudiosos de vinho do país. “Os vinhos é que me escolheram para trabalhar com eles”, costuma dizer.
Hoje, aos 40 anos, ele é maître-sommelier e head de experiências da recém inaugurada Vinícola Alma Gerais e do Restaurante Tragaluz em Tiradentes, eleito um dos melhores do país.
Com vários cursos, capacitações e, claro, degustações na carreira, Antônio Eduardo, de passagem pela cidade, conversou com o Curta Lavras para falar sobre vários temas ligado ao vinho. Confira:
Qual o cenário da fabricação do vinho hoje no Brasil?
Nós temos um cenário muito promissor no Brasil, especialmente no Sul de Minas. Isso graças a poda invertida ou poda dupla, introduzida no país pelo engenheiro agrônomo e professor Murilo Albuquerque Regina. Muito embora não seja uma invenção brasileira, a dupla poda ganhou maior projeção aqui por conta de algumas peculiaridades do nosso país.
Quais são essas características que dão qualidade ao vinho produzido no Sul de Minas?
As condições climáticas da região são muito parecidas com as das França. Temos dias calorosos, pouca chuva no inverno e noites frias, o que favorece a maturação da uva.
Outro fator é que os produtores sulmineiros trabalham com a uva da espécie francesa Syrah. Ela é bastante versátil, capaz de produzir vinhos de diferentes estilos, desde os mais frutados e leves até os mais encorpados e complexos. Por isso, a espécie é uma escolha popular entre os produtores de vinho em todo o mundo.
Que avaliação você faz do mercado brasileiro de vinho hoje?
O vinho é uma das bebidas mais sociáveis do mundo, mas o produto de qualidade precisa ganhar mais espaço no mercado brasileiro. O vinho não é uma bebida que toda população tem acesso, mas ele tem um potencial de crescimento para os próximos anos.
O meu primeiro contato com o vinho aconteceu quando tomei um porre de vinho Chapinha na Praça da Liberdade [Belo Horizonte]. Existe um vinho para cada momento da vida. Meu paladar evoluiu com o tempo em razão dos cursos, capacitações e degustações.
Quais vinhos você indicaria para o público experimentar?
O bom vinho é aquele que agrada ao paladar. O importante é ser livre nessa avaliação e degustar o vinho sem reservas. A elaboração do vinho faz toda a diferença, mas vejo o paladar como determinante. Eu indicaria os seguintes vinhos: o francês Chateauneuf du Pape, os italianos Brunello, Barbaresco, Barolo, os espanhóis da região de Ribera del Duero e o portugueses da região do Douro.