Por: Marco Bissoli
Barba, cabelo e bigode. O barbeiro João Jaques Valaci, 88 anos, continua jogando em todas as posições. Dribla, defende e ataca. É craque no que faz.
O jovem que começou a cortar os cabelos de amigos e familiares numa comunidade rural de Ijaci, em 1964, segue fazendo a cabeça dos lavrenses há 50 anos (veja o vídeo abaixo).
Ele aportou em Lavras em agosto de 1967. Buscava estabilidade e oportunidade para a família. Tinha 30 anos e uma ideia fixa na cabeça: melhorar de vida.
Chegou de mala e cuia com a esposa, Aurélia Aparecida Carvalho – companheira de jornada há 64 anos – e os três filhos: Hélder, Lúcia e Núbia. Veio. Viu. Venceu.
Ao lado o filho mais velho, Helder Valaci, herdeiro do legado do pai.
No saudoso Salão Planche, na Rua Santana, Jaques bateu ponto. Era outra Lavras, lírica e bucólica. Havia o bonde, a contemplação e sua navalha sempre precisa a cortar os cabelos da clientela com maestria.
Trabalhou também no salão de João Marques, que funcionava na parte de baixo do Clube de Lavras. Mas a vida é jogo. Em 1969, decidiu apostar em si mesmo: abriu o próprio salão na Rua Santana, tendo como ajudantes Hélio Caçapa e Paulinho.
Na Praça Dona Josefina, em 1975, o Salão do Jaques virou ponto de encontro. Histórias e amizades passaram a se misturar no recinto. Muitas deixaram saudades no coração de seu fundador.
Por lá passaram Antonio, José Augusto “Bigode”, João Batista, Nirley, José e tantos outros talentos da tesoura. Sem contar a infinidade de clientes famosos. Os nomes não cabem nos dedos das mãos, nem dos pés.
Hélder, o filho mais velho, hoje segue no comando da nau. Filho de peixe…
Jaques não pendurou as chuteiras, mas diminuiu o ritmo. Atualmente, atende em casa os mais chegados, como o radialista Edson de Souza, cliente fiel há três décadas.
O barbeiro encontra tempo também para curtir os sete netos e sete bisnetos. Família grande. Amor maior ainda.
Prova viva de que sua navalha continua afiada.
O locutor e radialista Edson de Sousa: cliente há anos do Salão do Jaques