Promover a arte e a solidariedade. Foi essa a proposta do concerto de câmara que uniu o Prof. Fernando Santoro e o Quarteto Atlântico no Museu Sacro Franciscano – Morro de Santo Antonio, na noite desta terça-feira (31).
Com curadoria de Dea Backheuser e Rômulo Pizzolante, o evento integra a série “Saraus Clássicos Cariocas no Largo da Carioca”. O concerto beneficente, promovido pela Confraria Nota Azul, foi realizado na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência em prol da aquisição de instrumentos musicais para a formação de jovens músicos.
O concerto contou com a presença de Fernando Santoro, professor de Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Diretor do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais. Ele abriu a noite com a apresentação “O Arco e a Lira”. Trata-se de uma análise sobre a figura do deus grego Apolo a partir de fragmentos da obra de Heráclito, sendo também uma homenagem a Emanuel Carneiro Leão, amigo de Santoro e tradutor do texto apresentado.
“Nesse solo onde buscamos as nossas raízes nós também somos capazes de dialogar com outras raízes. O arco e a lira de Apolo estão representados em outras culturas, como na figura ancestral africana de Oxossi. Essas culturas pensam a arte como uma tensão de diferenças que são capazes de nos lançar no além”, diz Santoro.
O docente é um dos mais renomados intelectuais brasileiros. Atualmente ele participa da publicação de um destacado dicionário de Filosofia na França. Ele também desenvolve o projeto de extensão “Teatro das ideias vivas” (UFCS – UFRJ), que que deverá ganhar uma parceria com a Confraria Nota Azul na série de Concertos Educativos.
“O ´Teatro das ideias vivas’ integra a proposta do projeto ‘Inteligências Ancestrais’, que que nos faz recuperar as relações com a vida, os animais e o movimento dos astros e das estações. Ele nos chama a cuidar desse planeta, o chão que habitamos”, completou.
A curadora Dea Backheuser falou da importância da música em face dos avanços tecnológicos. “Hoje as pessoas estão enredadas pelo celular na nossa cultural atual. Não há uma formação musical nos colégios. O poder transformador da música na formação dos jovens foi relegado”. Ela também defendeu a importância da música de câmara como propagadora da música de qualidade, capaz de aumentar a percepção sobre a própria vida.
“A promoção da cultura através da Arte é a base de tudo. A música leva para o conhecimento, o equilíbrio e a disciplina. O objetivo da Confraria Nota Azul é atingir as camadas da sociedade que não tem acesso ao ensino da música”, observou.
Concerto
A música, representada no casamento entre a harpa e a lira de Apolo, se materializou com o concerto do Quarteto Atlântico. Uma experiência sensorial, poética e única para o público presente.
Os músicos Bruno Valente (violoncelo), Ivan Scheinvar (violino), Luís Felipe Ferreira (viola) e Thiago Teixeira (violino) interpretaram peças de Mozart (Quarteto de Cordas, número 4 em Dó Maior, k157), Bach (Ária na Corda Sol – Segundo Movimento da Suíte número 3) e Schubert (“A Morte da Donzela” número 14 em Ré Menor).
O quarteto, que completou 10 anos de existência este ano, conta com várias premiações importantes no Brasil, sendo um dos mais respeitados e influentes nomes do cenário da música de câmara brasileira. Os integrantes também se destacam em recitais individuais, nas principais orquestras do Estado e como solistas a nível nacional.
A Confraria Nota Azul é uma instituição que realiza encontros entre o público a fim de promover a educação pela Arte. O concerto faz parte do projeto “Sonâncias e Ressonâncias – Uma Ponte Poética entre o Rio de Janeiro e o Campo das Vertentes”, tendo como propósito difundir a formação de plateias musicais e abertura de novos palcos para apresentação de música de câmara e preleções filosóficas.