Lavras á única cidade do Sul de Minas a possuir uma imagem da Escrava Anastácia, que, pela primeira vez, ganhou às ruas da cidade no último dia 24, com a procissão que antecedeu a lavagem do Cruzeiro da Pedreira.
Cultuada pelas religiões de matriz africana, a Escrava Anastácia é venerada como santa e heroína em várias regiões do Brasil. Ela é símbolo de uma mulher exuberante, forte e guerreira, sendo conhecida por reagir e lutar contra a opressão do sistema de escravagista. Seu culto no Brasil teve origem no ano de 1968.
A imagem da escrava ficou popularmente conhecida por ser representada com uma mordaça de ferro em seu rosto, retirada apenas para que pudesse se alimentar. Ela faleceu no Rio de janeiro.
O idealizador da imagem, Pai Thallysom de Ogum (foto), do Castelo São Jorge Nagô, explica que a peça confeccionada mostra a escrava como uma rainha, com todo seu esplendor, pompa e beleza.
“Queremos mostrar que o negro tem a liberdade. Não cultivamos no terreiro a opressão que existiu no passado, mas mantivemos um olhar para o futuro”, disse.
Imagem
A imagem da Escrava Anastácia tem como modelo os santos de roca (foto), usados, por conta de sua leveza, em procissões católicas desde o século XVIII. O entalhe consiste das mãos, cabeça e pés da imagem, que são montados numa estrutura de madeira e cobertos por tecido.
A peça em madeira foi esculpida pelo artesão e restaurador lavrense Alexandre Reis de Souza, que traz no currículo diversos serviços prestados ao restauro e criação de peças sacras em Lavras e no Brasil.
Alexandre Reis conta que levou 30 dias para esculpir a imagem com 1,60 cm de altura. O artista disse que usou fotos de mulheres negras como referência para produzir a obra.
“Escrava Anastácia foi uma mulher à frente de seu tempo. Era uma mulher que não se dobrou diante do poder autoritário. Ela é símbolo da fraternidade, liberdade e amor que vence a tirania”, finalizou.
Imagem da escrava Anastácia no Castelo de São Jorge Nagô