Marvada, cátia, cajibrina, pinga, mé ou branquinha. Esses são alguns dos incontáveis sinônimos que a cachaça recebeu nas cinco regiões do Brasil.
Nos últimos anos, essa unanimidade nacional tem sido objeto de estudo pesquisas da Universidade Federal de Lavras, que ganhará, em outubro, o seu Centro de Referência em Análise de Qualidade de Cachaça.
Para saber mais saber sobre o assunto, o Curto Lavras conversou com a professora do Departamento de Química / Instituto de Ciências Naturais da Universidade, Profa. Dra. Maria das Graças Cardoso.
A docente é responsável pelas pesquisas desenvolvidas no Laboratório de Análises de Qualidade de Aguardente (LAQA), localizado no Departamento de Química, e a implementação deste primeiro Centro de Referência do produto no país.
Também deste Instituto que outra pesquisadora, Rosane Freitas Schwan, desenvolveu uma levedura usada na fabricação da cachaça que é utilizada por grande parte dos produtores brasileiros. Esse é mais um exemplo da dimensão da relevância da Instituição no que toca ao estudo da bebida.
O Brasil produz e consome “a branquinha” não só pura, mas também em drinks e derivados. A fabricação se dá em quase todos os estados brasileiros. Minas Gerais é o maior produtor da cachaça de alambique e São Paulo o maior fabricante de cachaça de coluna.
Se antes a fabricação dela acontecia longe das exigências dos órgãos públicos responsáveis, como o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o cenário agora é outro. Isto em razão de um mercado consumidor gigantesco que tem priorizado a qualidade e excelência do produto e rigorosos padrões de fabricação e fiscalização da sua produção.
Consumo
Prédio que abrigará Centro de Referência em Análise de Qualidade de Cachaça no campus da Ufla
No ramo do estudo do produto há 23 anos, a pesquisadora Profa. Graça destaca que o país tem mais de mil alambiques registrados, mas o número de marcas de cachaça ultrapassa esse montante, visto que muitos alambiques produzem diversos gêneros da mesma (cachaça recém destilada, armazenada, envelhecida, Premium, extra premium e bebidas mistas).
“Nossa ideia é transformar a cachaça de alambique em Patrimônio de Minas Gerais”, destaca a pesquisadora.
A cachaça também tem conquistado espaço em vários setores, como na gastronomia, na fabricação de licores, bebidas alcoólicas mistas, gelatinas, doces, balas e receitas culinárias, o que tem agregado valor ao produto.
A produção brasileira também tem abastecido o mercado internacional, sendo que os países consumidores são Alemanha, Portugal, Estados Unidos e alguns da América do Sul.
Centro
A professora do Departamento de Química / Instituto de Ciências Naturais (ICM) da Universidade, Profa. Dra. Maria das Graças Cardoso
O Centro de Referência em Análise de Qualidade de Cachaça é resultado de um projeto aprovado no Edital 041/2023 da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Ele funcionará em um prédio ao lado do Departamento de Química, tendo uma ampla infraestrutura. O projeto de implantação é avaliado em R$3.690.433,05.
Esse é um projeto grandioso, robusto, apoiado pela Fapemig, Secretaria do Estado da Agricultura, pela Secretaria do Desenvolvimento Econômico e que vai auxiliar muito os produtores. Ele visa a implementação de um laboratório inovador, que contará com equipamentos modernos e funcionários extremamente capacitados. Além disto, o apoio da direção do Departamento de Química, Instituto de Ciências Naturais e de toda a direção da Universidade, tem contribuído positivamente para a implantação deste. Vamos aproveitar profissionais de outras áreas de conhecimento da nossa e de outras universidades para dinamizar esse projeto”, finaliza a Profa. Dra. Maria das Graças.