Ela abriu sua casa e seu coração para acolher dezenas de crianças desamparadas desde 1973. A lavrense Mirandolina de Jesus, de 94 anos, traz no seu DNA a marca do amor.
A dona de casa aposentada é mãe de 24 filhos de criação. Ela afirma que pela sua residência, localizada na avenida Silvio Menicucci (Perimetral), tenham passado mais de 300 crianças ao longo das últimas décadas.
Dona Mirandolina conta que depois que seu filho, Mário de Jesus, foi internado numa instituição psiquiátrica em Belo Horizonte, ela fez uma promessa religiosa para que Deus cuida-se dele, em contrapartida, ela adotou uma criança de nome Lucimara.
A promessa foi cumprida, mas o desejo de se doar pelo próximo, a fez acolher sob sua proteção outras crianças. São elas: Tatiana, Weslei, Natália (in memoriam), Bianca, Jaqueline, Tatiana, Maria Helena, Carolina, Stefania, Isabela, Bruno, Bruninho, Prela, Elso, Clara Regina, Joice, Vanessa, Carolina, Priscila, Marcos Fernando e Emanuela e Wellington Lucas.
Hoje a família conta com 15 netos e dois bisnetos. No ano passado, o grupo chegou a se reunir para uma linda festa de aniversário da matriarca.
Terra
A aposentada ao lado dos filhos de criação, netos e bisnetos na festa de seu aniversário em 2023
Filha mais velha de Maria Antônia da Conceição (in memoriam), Dona Mirandolina de Jesus é a única sobrevivente de uma família composta por 8 irmãos.
Ela nasceu na comunidade rural dos Barbosa, mas veio residir e estudar em Lavras aos 7 anos de idade. Morou numa residência da rua Benedito Valadares junto com seus padrinhos, mas depois da morte de um deles, precisou retornar para o campo aos 13 anos de idade.
Dona Mirandolina foi trabalhar numa fazenda, teve um filho, e decidiu encarar novamente a cidade em busca de melhores oportunidades. Trabalhou como cozinheira no Hotel Pinguim e no Restaurante Cisne para depois conquistar a sua aposentadoria.
“Foi uma cruz que Deus me deu. Eu acho que cumpri bem essa missão. Agora eu estou criando os netos. Se fosse para fazer tudo de novo eu faria. Hoje tem tanta criança abandonada, que seu eu tivesse força eu cuidaria delas”, confessa.
Ela afirma que a criação dos filhos foi uma tarefa árdua, mas que cuidar de uma criança nos dias de hoje exige maior paciência. “As crianças de antigamente eram mais obedientes ao contrário das de hoje em dia”, avalia.
A rede de proteção às crianças criadas por ela contou com o apoio do Poder Judiciário, entidades e moradores da cidade, como José Leonidas e Ruth Naves. “Sinto muito orgulho pelo fato de ser mulher e ter feito tanta coisa em prol das crianças”, finalizou.