O cenário epidemiológico da dengue no Brasil está cada vez mais grave. Nos primeiros 27 dias de 2024 já ocorreram 12 mortes em decorrência da doença — sendo que há ainda 85 em investigação — e mais de 120 mil casos prováveis em todo país. Os dados são do Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde, atualizados ontem. Devido à situação, Acre, Distrito Federal e Minas Gerais decretaram situação de emergência.
O governo de Minas Gerais publicou, ontem, decreto emergencial em virtude das 11.490 confirmações de dengue nas três primeiras semanas do ano. A medida permite que o governador tome atitudes administrativas para conter o avanço da doença — como a aquisição de insumos, materiais, e contratação de serviços necessários. O texto ainda instala o Centro de Operações de Emergências de Arboviroses, coordenado pela Secretaria de Saúde, para acompanhar a evolução dos casos. O decreto tem vigor de 180 dias.
Conforme o painel, apesar de Minas Gerais estar em terceiro lugar no número de incidência da dengue, os casos prováveis contabilizam 34.198 — mais que todos os outros estados que formam o ranking. A possível confirmação da doença nessas pessoas pode inserir MG em patamar similar ao mais grave do Brasil atualmente.
Vacina
O Brasil se tornou o primeiro país do mundo a disponibilizar vacinas contra a dengue no sistema público de saúde. Produzida pelo laboratório japonês Takeda, os imunizantes serão destinados, inicialmente, a regiões com maior incidência e transmissão do vírus, contemplando crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. A estratégia de vacinação será anunciada nesta quinta-feira (25/01), pelo Ministério da Saúde, em uma coletiva de imprensa às 9h.
A Qdenga foi avaliada pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias (Conitec) no SUS e deve atender municípios de grande porte com alto índice de transmissão nos últimos dez anos e população residente igual ou maior a 100 mil habitantes, levando também em consideração altas taxas de contaminação nos últimos meses. O público-alvo, em 2024, serão crianças e adolescentes, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue. O esquema vacinal é composto por duas doses com intervalo de três meses entre elas.