Dados alarmantes divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a população em situação de rua no Brasil aumentou 935,31% nos últimos dez anos, com base em dados do CadÚnico (Cadastro Único) do Governo Federal. O número saltou de 21.934 em 2013 para 227.087 até agosto de 2023.
Esse fenômeno também pode ser constatado em Lavras, onde a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Cidadania mantém uma ampla frente de trabalho para tentar reverter essa situação.
De acordo com o órgão, os moradores em situação de rua são divididos em duas categorias. Há os que vivem nas ruas, mas possuem residência na cidade (usuários de drogas e pedintes, por exemplo), e aqueles que moram de fato nas ruas.
Lavras conta com um Centro de Acolhimento, localizado no bairro Serra Azul, onde estão albergados 12 moradores em situação de rua. Eles recebem alimentação, banho, atendimento psicológico e social, tendo livre acesso para entrar e sair do local em horários fixados pela instituição.
Hoje apenas quatro moradores em situação de rua que residem em Lavras decidiram permanecer nessa situação. Há também os chamados migrantes ou trecheiros, que estão de passagem pela cidade, mas decidem se fixar nas ruas.
A cidade chega a receber oito deles por dia na Sala de Atendimento ao Imigrante, no Terminal Rodoviário Maurício Ornelas. Parcerias são firmadas com outros municípios para que eles retornem às suas cidades de origem, sempre com a anuência dos próprios imigrantes.
Esforços
A psicóloga e subsecretária de Direitos Humanos e Políticas Sociais, Karen Joana de Souza Firmino
A pesquisa do Ipea mostra ainda que entre as causas do aumento da população em situação de rua, estão a exclusão econômica, que envolve insegurança alimentar, desemprego e déficit habitacional; ruptura de vínculos familiares; e questões de saúde, especialmente de saúde mental.
Problemas familiares ou com companheiros foram apontados como motivo para sair de casa por 47,3% das pessoas em situação de rua, segundo a pesquisa. O desemprego foi citado por 40,5%, enquanto alcoolismo e abuso de outras drogas foram mencionados 30,4%. Perda de moradia foi citada por 26,1%.
Karen Joana de Souza Firmino, psicóloga e subsecretária de Direitos Humanos e Políticas Sociais, explica que uma equipe socioassistencial trabalha diariamente, entre 7h e 16h, para ajudar esses grupos em situação de rua na cidade. Eles podem ser encontrados em igrejas, praças e no Mercado Municipal.
“O trabalho busca identificar e dialogar com os moradores de rua, sempre respeitando o direito de escolha deles. A equipe também conta, em alguns casos, com a ajuda da Polícia Militar. Nós buscamos garantir o direito de liberdade de cada morador em situação de rua”, afirma.
A subsecretária admite que o aumento da população em situação de rua preocupa, mas que o órgão não tem medido esforços para amparar essas pessoas. “Nossa missão tem sido realizada com êxito”, finalizou.