Dando seguimento ao apoio dado a turnê realizada pelo maestro e professor Ewerton de Brito a Roma em outubro passado, ocasião da defesa de sua tese de doutorado na Universidade de Roma Tor Vergata, a Confraria Nota Azul se une a Associação Mineira de Cultura e Educação Patrimonial (AMCEP) para uma série de concertos didáticos e Etnomusicologia nas escolas.
A primeira das entidades parceiras será a Escola Estadual Dora Matarazzo, na zona norte de Lavras. A proposta oferecerá oficinas para estudantes e professores, músicos e não músicos, com a finalidade de capacitar agentes culturais para introdução de temáticas da cultura popular no ensino formal para a formação de público.
A Etnomusicologia é o estudo das relações entre a música e o modo de vida de um povo (cultura). É uma arqueologia musical, e através desta área de conhecimento se pode identificar processos de formação de território, cultura, movimentos de diásporas e identidades.
Serão ministradas aulas semanais de música, expressão musical com sua formação territorial e cultural, produção áudio visual, orientação à pesquisa etnomusicologia, criação de roteiros, gravação de entrevistas, edição e publicação dos trabalhos apresentados.
Alunos da Escola Estadual Dora Matarazzo: primeira instituição a ser contemplada pelo projeto.
Em outra frente, os estudantes com maior intimidade com a música e o canto terão aulas cuja finalidade é a montagem de um espetáculo, com a participação dos alunos no Coro Cênico e na Orquestra Popular.
A vice diretora da Escola Estadual Dora Matarazzo, Jaciara Duarte Teixeira, afirmou que o projeto chega para enriquecer o ensino e aprendizagem dos alunos da instituição. Ela destacou a forte ligação da escola com a música através da sua fanfarra e as rodas de samba do bairro.
“A escola fica localizada numa região com vulnerabilidade social e o projeto resgata essa identidade. O ensino da música vai estimular o sentimento de pertencimento, que é fundamental para estes alunos”, avalia Jaciara Duarte Teixeira.
O trabalho da Confraria Nota Azul e AMCEP também despertou entusiasmo na aluna da instituição, Débora Lúcia Terra, de 15 anos de idade. “Acho a proposta inovadora. Ela abre novas percepções através da música e produção de conteúdo. Isso é muito necessário, pois muitas vezes não temos acesso à nossa própria cultura local”. Ela afirmou ainda que o projeto ajudará os alunos a expandir seu conhecimento sobre a sua própria realidade.
Conexões
O projeto é dirigido pelo professor e maestro Ewerton de Brito, sob a supervisão do concertista, compositor e maestro Marcos Vinícius. A curadoria geral fica a cargo de Romulo Pizzolante e Dea Backeuser. Vale destacar a participação dos confrades fundadores da Confraria Nota Azul Bach Arbex de Castro, Júnia Drummond de Alvarenga, Wânia Resende, Silvia Diniz, Bruno Potter, Valéria Brasileiro e Marcelo Menicucci Esteves.
A proposta também contempla uma interlocução acadêmica, sob a direção de Silvia Diniz, que consiste em convidar professores e agentes de educação e cultura de outras instituições para participar e dialogar com a iniciativa.
Ewerton De Brito é graduado em licenciatura em Música, especialização em alta performance do violão clássico pela Accademia Musicale Praeneste – Palestrina/Roma, sob a mentoria e tutela do seu maestro Marcos Vinicius.
Ele é mestre em Música e Espetáculo e doutor em Patrimônio Cultural, Formação e Território (Etnomusicologia), ambos pela Universidade de Roma Tor Vergata.