Caso estivesse vivo, um dos maiores nomes da cultura lavrense, Homero de Carvalho Faria, completaria 70 anos de vida nesta quinta-feira (11). Ator, diretor, escritor, professor e teatrólogo, ele faleceu no dia 3 de agosto de 2020 aos 66 anos de idade.
Com mais de 50 anos de carreira, ele dedicou boa parte de sua vida a interpretar, dirigir e ensinar a arte teatral. Nascido em Campo Belo no ano de 1954, ele fez sua estreia nos palcos com sete anos de idade, tendo o apoio do pai, o ator e diretor Geraldo Faria, e da mãe, a figurinista Hermínia Carvalho.
Um de seus espetáculos mais conhecidos, “Pessoas”, foi um monólogo baseado na obra do poeta português Fernando Pessoa. Seu último espetáculo, “Teatrópolis”, foi encenado em 2019, em parceria com o Coletivo de Artistas RUA (Reunião Urbana dos Artistas De Lavras). A peça narrava a história do teatro.
Artista tinha mais de 50 anos de carreira – Foto: Arquivo pessoal
Homero de Carvalho tinha planos de encenar uma peça de Abdias do Nascimento, fundador do Teatro Experimental do Negro, e também “A Casa de Bernarda Alba”, de Garcia Lorca. O artista foi presidente da Federação de Teatro de Minas Gerais (FATEMIG) e diretor regional Sudeste da CONFENATA (MG/RJ/SP/ES) nos anos 80.
Frutos de sua experiência com diretor e ator, ele também lançou dois livros com técnicas teatrais: Despir o Outro: Análise dos Processos de Encenação, Direção e Interpretação e Respiração: A Voz da interpretação. Foi também um dos fundadores do Grupo Teatro Construção. Sua irmã, Eliâny de Carvalho Faria Cicarelli, era uma das maiores incentivadoras de seu trabalho.
Docência
Homero Faria era graduado em Filosofia pelo Instituto Superior de Ciências, Artes e Humanidades de Lavras (INCA), hoje Centro Universitário de Lavras (Unilavras), e pós-graduado em História Econômica e Teatro Musicado Brasileiro.
Ele atuou como professor de Sociologia, Filosofia, Artes Cênicas, História do Teatro, Direção e Semiologia do Espetáculo, Interpretação, Técnica Vocal e Sensibilização Corporal. Em 1991, foi um dos responsáveis pela criação do curso de Artes/Teatro da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
Homero Faria durante desfile do Grêmio Recreativo Escola de Samba Sovaco de Cobra
O diretor também trabalhou como docente no Unilavras, Instituto Cultural Brasil-Estados Unidos (ICBEU) e Unifenas. Ele dirigiu a Secretária de Cultura Municipal nos anos 2000, foi membro da Academia Lavrense de Letras (ALL) e editor do “Caderno de Cultura” do Jornal Lavras News.
Carnavalesco histórico, Homero Faria foi um dos fundadores da Grêmio Recreativo Escola de Samba Sovaco de Cobra. Durante vários anos trabalhou ao lado da empresária Lúcia Cicarreli na confecção de adereços e letras dos enredos para a sua escola do coração.
O corpo do artista foi cremado no Crematório Parque da Saudade em Varginha, sendo que suas cinzas descansam no Parque Ecológico Quedas do Rio Bonito em Lavras. A Prefeitura Municipal prestou uma homenagem a ele em 2021, quando batizou o Pátio da Casa da Cultura com seu nome.